domingo, 31 de julho de 2011

O que eu digo sim, o que eu faço ...

Eu e a Duda éramos super amigas no colégio. Daquele tipo que andam juntas, passam o recreio juntas e se fala pelo telefone nos fins de semana.

Passamos o ensino fundamental todo assim. No ensino médio, continuamos amigas, apesar das diferenças começarem a gritar, como numa ópera.

A Duda era daquele tipo que acreditava em príncipe encantado, e eu do tipo que
ridicularizava tudo isso.

Enquanto a Duda pensava que o poeta criava a poesia para conquistar a mulher amada, eu acreditava que ele criava a mulher para pegar a poesia.

E quando entramos na faculdade, a Duda tornou real seu conto de fadas. Conheceu o Rafa, e tenho de reconhecer, ele tinha quase tudo que um príncipe encantado tem. Tratava a Duda super bem, e a fazia muito feliz, e todas aquelas coisas fofinhas de mozinho/tuguzinho/moxãozinho que existem na face da terra.

Mesmo estando em faculdades diferentes, eu continuei acompanhado a Love Story da Duda pelas redes sociais, e uma vez ou outra pelo telefone e coisa e tal. E mesmo de longe, ficava super feliz em ver a felicidade da minha amiga/fofa/princesa que mais do que merecia ser feliz.

E lá estou eu, numa tarde atemporal, de folga, estudando alguma teoria da comunicação da vida. O telefone toca, e seguido de um alô mal dito, ouço uma voz conhecida, era a própria : Eduarda Magalhães, a minha Duda!

“Alô mal dito” foi uma maneira discreta minha de dizer que foi o alô mais marejado que já tinha ouvido, e sabia que do outro lado da linha tinha alguém se debulhando em lágrimas!

A Duda não quis me contar o que tinha acontecido pelo telefone, só me adiantou que era: “O Rafa, o Rafa, o Rafael”, me arrumei em tempo Record e fui encontrá-la no Boomerang.

Chegando lá no nosso mesmo lugar de tomar café/bolo/vitamina e fazer fofoca de sempre, e um pouco mais calma, a Duda começou a me contar tudo que tinha acontecido.

O Rafael tinha ficado com outra menina. Depois de uma briga entre os dois, ele saiu, e acabou ficando com uma menina que ele nunca tinha visto na vida. E a Duda chorava, lamentando, dizendo que o príncipe dela não passava de um sapo do brejo.

Pedi pra que ela me explicasse melhor.
Ele tinha contado pra ela no dia seguinte da night traiçoeira,digamos, da mesma maneira que a Duda estava me contando, se debulhando em lágrimas, como um cão arrependido, sofrendo, chorando, em depressão (tá bom, exagerei) lamentando aquilo tudo, e querendo se livrar pelo menos um pouco, da tonelada que estava em sua consciência.
A questão é, que em poucas palavras, eu percebi que o Rafa estava tão mal quanto a Duda.

E depois de ouvir tudo, veio a tal, a fatal, a malvada, pergunta: O que você acha?


Tiririririmmm ... Tiririririmmm... Tiririririmmm ...

E eu nunca pensei que fosse gostar tanto de um telefonema do meu pai. Tinha que ir ao banco pra ele, e havia me esquecido.

Corpo são da pergunta fatal, mas não a cabeça.

Fiquei de passar na casa da Duda depois de cumprir a tal missão pro meu pai.

Depois de uma fila no banco quilométrica, tico e tecos cansados, e milhões de neurônios gastos, lá estava eu tocando a campainha da Duda. Subi, e meio que ensaiado mentalmente começei:

“Amiga, claro que o Rafael foi um babaca, e que a atitude dele não merece nem um terço da menina que você é, ele não tinha motivo pra ficar com outra menina com uma garota incrível como você dividindo a vida com ele, e nada que ele fizer no mundo vai justificar o que ele fez com você, mas eu acho que você deve concordar em conversar com ele.”

Depois de dois olhos esbugalhados diante do que eu tava dizendo, e um comentário de que não esperava aquilo de uma Sra. Racional que nem eu, prossegui...

Pensa: Nesse tempo todo que vocês namoram, sei lá, uns cinco mil anos, quantas vezes ele fez alguma coisa, QUALQUER COISA que tenha magoado você? Alguma vez ele te deixou de lado? Nem na final do time dele. Alguma vez ele te fez mal? Te fez sofrer?

O que é ele ter ficado com uma menina diante de tudo de bom que ele tem feito e te somado esse anos todos Eduarda?

Longe de mim justificar a atitude dele, e nem fazer uma campanha pró traição, mas se eu dissesse que você está certa sem ao menos deixar o menino conversar com você, eu estaria sendo mais que injusta.

Abraçei-a forte, e vi aqueles olhinhos brilhando de novo. Quando saí de lá a Duda estava no vigésimo minuto de “DR” com o Rafa.

Saí andando pela rua tão feliz e satisfeita por ter feito alguém tão querida voltar a sorrir, e desencanar do que as pessoas pudessem falar, mas em compensação me sentindo tão covarde, por saber que EU, Maria Carolina Morganti, jamais conseguiria por em prática toda aquela minha teoria.

Afinal, eu disse o que eu acho certo que se faça, e não o que eu faria.

sábado, 21 de maio de 2011

Um pássaro na mão ou dois voando ?

Mais vale um pássaro na mão, é verdade, mas se tivermos dado o melhor de nós mesmos sem conseguir capturá-lo, o jeito é sentar numa sombra e ter a grandeza de aceitar, como parte da vida, os dois voando.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

15, 16 e 17

Prólogo: Este texto é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

E nesta semana em que completo mais um ano de vida, lá estava eu sentada, frente a frente com o PC, com o home page do blog cara a cara, para tentar escrever algo palatável.

Bom, sentei e levantei centenas de vezes, quase que uma série de agachamento.
Depois sentei definitivamente, e ... nada.
Em seguida fiquei alternando cotovelo. Ora apoiava em um ora apoiava em outro.
Cansei. Resolvi fazer um tour ... pela casa. Primeira parada: cozinha, mais precisamente, a geladeira. Abri, senti o ventinho, fechei e nada.
Segunda parada: Sala, mais precisamente ainda, sofá. Liguei a tv, e tentei me distrair com qualquer coisa, porque vira e mexe isso funciona, mas não desta vez, nada funcionava.

Daí resolvi deixar pra lá, afinal dezenove anos nem é uma data tão especial assim. Encostei meu pescoçinho no sofá, com a esperança de tirar uma soneca. Até que derrepente, ouço uma semi baderna, vinda do quarto. Fui correndo até lá, porque afinal, só tinha eu em casa.

Só eu? EUS.
Me deparei com Eu de 15, Eu de 16 e Eu de 17.
Antes de eu terminar o raciocínio de que tinha surtado, fui interrompida por Eu de 15:

- Não acredito, você ouve Chico Buarque?
- Claro, as poesias dele são ótimas, o cara é um revolucionário musical e poético, disse com de 19.
- (eu com 15): Cara que careta, olha como você fala, transgressor, ecat. Que isso cumprido? Ah não, ah não, cintura alta?
Quero morrer.
-(eu com 19): É bonito, deixa você altiva, é clássico e além do mais...

- Des... des.. des..

(Sou interrompida por eu de 16)

Descartes, disse eu com 19 completando as tentativas frustradas de mim com 16 tentando dizer o nome do filósofo.

- (eu com 16): Você lê isso? Aí tá apavorando hein!
- (19): Penso logo existo... tá bom pra você?
-(16) :Que isso aqui, batom vermelho, minha mãe está usando isso agora?

-(19): Não, sabe que a mãe é muito básica, é meu.

-(16) Que que que?! Ah, batom vermelho não, quero morrer.

- (19) É bonito, clássico e ainda é sensual sem ser vulgar.

Antes de eu terminar a minha explicação sobre batom vermelho e tendências, e tudo mais sobre o mundo da moda, ouvimos um grito.
Era eu de 17 remexendo as fotos do meu mural

- (17): Quem são essas pessoas que estão com você nestas fotos de agora? Cadê minhas amigas? As minhas melhores amigas do mundo.

- Elas são super minhas amigas ainda, e sempre serão...

-(17) Para de me enrolar e me responde logo!

- (19) Só não curtimos mais as mesmas coisas, não saímos juntas todos os fins de semana como antes, a vida muda, as coisas mudam. Só o amor não muda, esse não muda nunca. Mas todas essas coisas condicionais mudam, e apesar de afastar pessoas que amamos e não sabemos viver sem, traz uma leva de gente especial, como essas meninas daí da foto, as da faculdade.

- (17) Aí meninas, também quero morrer. Diz eu de 17 para eu de 15 e 16.

- (19) Aí quer saber, cansei, cansei de ser compreensiva com vocês, de ser plausível e dar justificativa para tudo de que estão me acusando.

Me olham as três com os olhos arregalados, e eu ignorando, prossigo...

- Se não fosse vocês, talvez eu poderia estar estudando sem pagar, eu teria lido bem mais, ao invés de ficar proseando no msn, todas as tardes.
Se não fosse vocês eu não teria perdido um tempão da minha vida, primeiro com um cabeçudo mongolóide, depois com um cabeludo oligóide.
Fora as brigas com a minha mãe, e eu ainda tenho que ouvir isso, diacho.

Antes que eu terminasse, ouvimos uma gargalhada vindo da porta.

Era eu de 30, dizendo : Ah meninas, vocês são umas figuras, viverão e verão.