quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

15, 16 e 17

Prólogo: Este texto é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

E nesta semana em que completo mais um ano de vida, lá estava eu sentada, frente a frente com o PC, com o home page do blog cara a cara, para tentar escrever algo palatável.

Bom, sentei e levantei centenas de vezes, quase que uma série de agachamento.
Depois sentei definitivamente, e ... nada.
Em seguida fiquei alternando cotovelo. Ora apoiava em um ora apoiava em outro.
Cansei. Resolvi fazer um tour ... pela casa. Primeira parada: cozinha, mais precisamente, a geladeira. Abri, senti o ventinho, fechei e nada.
Segunda parada: Sala, mais precisamente ainda, sofá. Liguei a tv, e tentei me distrair com qualquer coisa, porque vira e mexe isso funciona, mas não desta vez, nada funcionava.

Daí resolvi deixar pra lá, afinal dezenove anos nem é uma data tão especial assim. Encostei meu pescoçinho no sofá, com a esperança de tirar uma soneca. Até que derrepente, ouço uma semi baderna, vinda do quarto. Fui correndo até lá, porque afinal, só tinha eu em casa.

Só eu? EUS.
Me deparei com Eu de 15, Eu de 16 e Eu de 17.
Antes de eu terminar o raciocínio de que tinha surtado, fui interrompida por Eu de 15:

- Não acredito, você ouve Chico Buarque?
- Claro, as poesias dele são ótimas, o cara é um revolucionário musical e poético, disse com de 19.
- (eu com 15): Cara que careta, olha como você fala, transgressor, ecat. Que isso cumprido? Ah não, ah não, cintura alta?
Quero morrer.
-(eu com 19): É bonito, deixa você altiva, é clássico e além do mais...

- Des... des.. des..

(Sou interrompida por eu de 16)

Descartes, disse eu com 19 completando as tentativas frustradas de mim com 16 tentando dizer o nome do filósofo.

- (eu com 16): Você lê isso? Aí tá apavorando hein!
- (19): Penso logo existo... tá bom pra você?
-(16) :Que isso aqui, batom vermelho, minha mãe está usando isso agora?

-(19): Não, sabe que a mãe é muito básica, é meu.

-(16) Que que que?! Ah, batom vermelho não, quero morrer.

- (19) É bonito, clássico e ainda é sensual sem ser vulgar.

Antes de eu terminar a minha explicação sobre batom vermelho e tendências, e tudo mais sobre o mundo da moda, ouvimos um grito.
Era eu de 17 remexendo as fotos do meu mural

- (17): Quem são essas pessoas que estão com você nestas fotos de agora? Cadê minhas amigas? As minhas melhores amigas do mundo.

- Elas são super minhas amigas ainda, e sempre serão...

-(17) Para de me enrolar e me responde logo!

- (19) Só não curtimos mais as mesmas coisas, não saímos juntas todos os fins de semana como antes, a vida muda, as coisas mudam. Só o amor não muda, esse não muda nunca. Mas todas essas coisas condicionais mudam, e apesar de afastar pessoas que amamos e não sabemos viver sem, traz uma leva de gente especial, como essas meninas daí da foto, as da faculdade.

- (17) Aí meninas, também quero morrer. Diz eu de 17 para eu de 15 e 16.

- (19) Aí quer saber, cansei, cansei de ser compreensiva com vocês, de ser plausível e dar justificativa para tudo de que estão me acusando.

Me olham as três com os olhos arregalados, e eu ignorando, prossigo...

- Se não fosse vocês, talvez eu poderia estar estudando sem pagar, eu teria lido bem mais, ao invés de ficar proseando no msn, todas as tardes.
Se não fosse vocês eu não teria perdido um tempão da minha vida, primeiro com um cabeçudo mongolóide, depois com um cabeludo oligóide.
Fora as brigas com a minha mãe, e eu ainda tenho que ouvir isso, diacho.

Antes que eu terminasse, ouvimos uma gargalhada vindo da porta.

Era eu de 30, dizendo : Ah meninas, vocês são umas figuras, viverão e verão.