sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Soneto de Demissão

Prólogo: No dia 11 do mês de Outubro, uma funcionária da empresa, do setor de recursos humanos, pede meu comparecimento em uma sala, no horário do expediente, e com um pouco de lenga lenga e palavras técnicas, porém desnecessárias para mim naquele momento, me demite.
Tudo bem, isso acontece a todo tempo no Brasil e no mundo, mas pode se dizer que foi um balde de água fria, em um sono longo e profundo, posso até ter a audácia de dizer que foi uma ruptura biográfica. Fiz as malas do "Fantástico mundo de Carolina" e sob uma aterrissagem inesperada e bruta, pus os pés em terra firme. Como vocês estão lendo, apesar de ter sido assassina do meu sorriso por alguns dias, sobrevivi a viagem. Aqui estou eu, bem mais madura (aliás, amadurecer é algo que me faz querer ser uma fruta, mas isto é para outra postagem). Apesar de algo banal, como já disse anteriormente, me marcou muito. E ponto final (literalmente).

Com vocês ...


Soneto de Demissão

Devia ter trabalhado mais
Ter me dedicado mais
Ter visto numa boa nego se foder

Devia ter calado mais
E até me ocupado mais
Não ter entrado no twitter

Queria ter aceitado
Os ignorantes sem contestação
Cada um sabe a conta
E quanto vale a sua omissão

O seu ideal não vai te dar seguro desemprego
Enquanto você estiver fodido
A grana da rescisão vai acabar
Você vai ficar sem um puto

Devia ter falado menos
Ter voado bem menos
E ter aprendido a não me opor
Devia ter desprezado menos
O salário bem baixo
Ter me contentado com pouco

Queria ter aceitado
A merreca como ela é
Agora fica o conselho
Dê sempre o melhor que puder