domingo, 17 de novembro de 2013

Era uma vez um sonho

Corra atrás dos seus sonhos.
A nossa programação pra ser feliz ou não, parte dessa frase.
Mas o que fazer quando não temos mais nenhum sonho, ou não conseguimos ver que temos?
O que fazer quando já escalamos o muro do sonho, chegamos lá no alto, observamos pendurados, e descobrimos que o nosso sonho não era o nosso sonho de verdade.
Não pulamos para o lado dos “sonhos realizados”.
Voltamos.

A volta não é fácil. 

Escalar é muito mais fácil, porque dói, a gente quase cai, mas estamos transbordando de disposição porque temos um objetivo, estamos correndo atrás dos nossos sonhos.
O objetivo de alcançar nossos sonhos anestesia todas as durezas da escalada.
Mas voltar não é assim.

Estamos voltando só porque nosso sonho não é tão nosso sonho assim, não temos um objetivo, estamos voltando só por voltar, e com peso.
Um peso que não tínhamos na subida, um peso chamado decepção.
Chegamos de volta à última terra plana antes do muro que separava a gente do nosso sonho.
Agora sem sonho.

Precisamos achar outro para colocar no lugar, porque senão não podemos ser felizes.
Agora com mais cautela, pra não ter que subir outro muro à toa, chegar lá, ver que aquele não era o nosso sonho, e voltar com o peso pesado da decepção.
Enquanto não encontramos ou não vem ao nosso encontro um novo objetivo, vamos tocando o barco, felizes, mas sem sonho.

Cansados de muros, vamos nos perder em alto mar, quem sabe nosso sonho não está em alguma praia deserta, sem muros para escalar?




domingo, 28 de julho de 2013

O que importa é...

Não importa se você gosta de rap, música clássica, funk ou rock
O importante é que você faça a sua parte para que nenhuma criança morra de fome,
Ou que qualquer ser vivo morra de frio.

Não importa se você usa unha acrigel, se você só limpa no chuveiro, se você tem um kit  oncinha, ou se só usa calça jeans e camiseta.
O importante é que você faça a sua parte, para que nenhum idoso seja maltratado, e que nenhuma mãe com criança no colo fique em pé no ônibus.

Não importa se você toca tambor no candomblé, se você toma hóstia aos domingos ou se você ouve o engravatado com microfone no culto.
O importante é que você dê bom dia para a moça da limpeza, peça desculpa ao esbarrar com alguém e entenda que por mais brusco que tenha sido, pode ter sido sem querer.

Não importa se você faz enfermagem, arquitetura, paisagismo ou designer de interiores, ou se você não faz nada.
O importante é que faça a sua parte para que haja saneamento básico onde não tem, que você faça a sua parte para que as pessoas não morram nos hospitais por falta de espaço.

Não importa se você come alface com espinafre e couve, ou se não deixa um dia passar sem mastigar um chocolate, o importante é que você devolva o dinheiro que achou, o celular que estava no chão, seja ele iphone ou Nokia tijolão.

Não importa se você é carioca ou paulista, brasileiro ou argentino. O importante é que você faça a sua parte para que nenhum homossexual, metrossexual, heterossexual, polissexual  ou chatossexual seja agredido, ou morto.

Não importa se você é negro, branco, amarelo, ou todas as coisas juntas, como nós brasileiros. O importante é que você admita seu preconceito e use a inteligência para se livrar dele diariamente.

Não importa se você pega o ônibus 455 ou 497 todos os dias, o importante é que você não jogue lixo pela janela.


Nada importa,


A vida é muito curta pra não fazer o bem.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Bom Convívio Social

O estagiário da academia toda vez que te cumprimenta, te alisa de forma constrangedora.
Em nome do bom convívio social, você o cumprimenta mais o rápido possível e sai de perto.
Ao invés de dizer: “meu filho, não precisa encostar para dar oi, e muito menos alisar, que nojo”, e tirar com a sua, a mão inconveniente.

Uma integrante do seu meio social, na casa dos 30, insiste em dizer, não importa o assunto, pode ser sobre a queda da muralha da china, ou de celulite, que você é muito novinha.
Em nome do bom convívio social, você afirma com um “é...”, dá um sorriso amarelo e desconversa.  
Ao invés de dizer: “Me deixa em paz, e daí que eu sou novinha? Você já foi da minha idade e um dia eu vou ser da sua, deixa de ser chata sua recalcada.”

Uma amiga sua, uma das mais próximas, pega um kit seu para o carnaval, sua barraca de camping, dentre outras coisas.
Depois de um tempo, você encontra seu lenço na casa de uma amiga em comum, ela diz que perdeu sua pulseira FAVORITA, e não entrega a sua barraca. Você só se dá conta que ainda está com ela, quando sua própria mãe a procura a uma da manhã para viajar no dia seguinte.
Em nome do bom convívio social, você diz: “tudo bem amiga, mas pelo menos vê se procura a minha pulseira, porque é a minha predileta, foi difícil achar, e ela é muito minha”.
Ao invés de dizer: “Não te empresto mais nada, você é uma folgada, devolve minha barraca AGORA. E pode dando um jeito para me devolver a minha pulseira.”



Eu sei que a paz mundial depende do bom relacionamento micro social, mas qual é o limite para a gente ficar engolindo esses tipos de sapos?

domingo, 5 de maio de 2013

Não dá pra entender


No século XIX, a galera só podia namorar sob os olhares atentos da família, sem qualquer direito à privacidade.

Depois da Segunda Guerra, a coisa parece ter melhorado, já se podia namorar no portão em um horário pré-determinado pelos pais, sem cogitar qualquer tipo de smack, no máximo um toquezinho de leve nas mãos.

Nos anos 50, os namorados podiam ficar em casa, sentados no sofá com o olho da vela de plantão em cima, que podia ser o avô, a avó, ou o irmão mais novo, que fazia tão parte do casal quanto os próprios.
Graças ao Festival de Woodstock, nos anos 60, já se podia quase tudo. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, ficou institucionalizado que a única coisa proibida era proibir.

Desde então, essa evolução chegou até o ponto que estamos hoje, que é a famosa ficada. Um simples teste drive.  Você não pode namorar uma pessoa antes de ficar com ela um tempo, pra saber se as coisas combinam, como o beijo, a personalidade, o tipo de música. Teoricamente, você vai ficando com as pessoas, até conhecer alguém que combine com você.

Comparado ao século retrasado, somos privilegiados, temos liberdade para fazer o que quisermos, podemos ficar. Podemos testar pra saber se queremos assumir um relacionamento mais sério, o que implica no namoro. Relacionamento esse que consiste em ficar exclusivamente com uma pessoa só, mas se você não quiser ficar só com essa pessoa, você diz que não quer ter um relacionamento sério, e mantém todos os benefícios, de um relacionamento monogâmico, ficando. Ponto para a honestidade.

Agora dá pra entender porque as pessoas ainda se traem? 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

O carnaval além da festa


Introdução
A cidade do Rio de Janeiro vive um ressurgir do tradicional carnaval de rua. Ao som das clássicas marchinhas ou levados por novos acordes, os foliões se espalham por toda cidade do Rio em jornadas festivas que começam às sete horas da manha e adentram as madrugadas. Em dez anos o carnaval de rua se transformou de um acontecimento local, centralizado em alguns bairros da cidade, em um fenômeno urbano que atrai pessoas de todo o Brasil. Em matéria publicada no jornal O globo, a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro divulgou que no ano de dois mil e treze, o carnaval de rua da capital fluminense movimentou mais de 5,3 milhões de foliões.
Nesse sentido o presente texto busca demonstrar de forma clara e objetiva a parceria publico privado estabelecida entre a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e a empresa de realização de eventos Dream Factory, responsável pelo planejamento, organização e gestão do carnaval de rua da cidade maravilhosa. Procura-se levantar questões pontuais sobre os desdobramentos econômicos e sociais da iniciativa.
Formalização da parceria
A parceria é formalizada por instrumento contratual devidamente publicado no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro. O citado contrato realiza-se de forma consecutiva desde sua primeira implantação no ano de 2009, através da Riotur – Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro S/A e a Dream Factory-Comunicação e Eventos Ltda, com a interveniênciada Companhia de Bebidas das Américas-AMBEV e da ITAÚSA- Investimentos Itaú S/A. A citada empresa é responsável por elaborar e implantar um projeto que abarque o calendário oficial da temporada de carnaval de rua da cidade. Assim sendo, cabe à empresa organizar toda a infraestrutura necessária à realização do evento, assim como negociar junto às principais ligas de blocos os horários e percursos a serem realizados pelos participantes.   
Essa iniciativa publica privado, estabelece normas e regras a serem cumpridas de modo que “transformou o carnaval de rua da cidade em produto turístico organizado, um evento que é bom tanto para os foliões quanto para quem não brinca o carnaval e, também, uma propriedade valiosa para as marcas” (http://doweb.rio.rj.gov.br/ler_pdf.php?edi_id=1978&page=73). 
A partir desse panorama geral, foi realizada investigação para levantar dados em vista a responder questões referentes à articulação existente entre as esferas publico privado e apontar desdobramentos socioculturais dessa iniciativa. Nessa perspectiva, verificar a ação do capital privado no espaço urbano e sua influencia no fenômeno de revalorização do carnaval de rua na sociedade carioca - sua aparente espontaneidade frente aos incentivos do marketing empresarial. A criação de nichos econômicos exclusivos para as empresas patrocinadoras do evento. Assim como gerar base cartográfica sobre a espacialização do fenômeno na cidade. Em suma, a transformação de um acontecimento sociocultural em um recurso econômico a ser efetivamente explorado.
De foliões a consumidores – marketing empresarial nos blocos de rua
Conforme nota publicada no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, no dia vinte de agosto de 2012 (doc. em anexo), a empresa de eventos Dream Factory, firmou contrato para organização do carnaval de rua 2013 da cidade do Rio de Janeiro. Segundo nota publicada no Diário Oficial do município do Rio de Janeiro no dia onze de outubro de 2012, o presente instrumento foi assinado sem a ocorrência de processo licitatório devido à falta de concorrência - única proponente do projeto foi a citada empresa. Assim sendo, pelo quarto ano consecutivo o carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro, esteve sob os cuidados da Dream Factory. Ao verificar os valores, se constata: não oneroso. Em outras palavras, a empresa arcou com os custos totais da montagem da infraestrutura do evento, sem aportes de parte da prefeitura. Isso foi possível devido à interveniência das empresas AMBEV e ITAUSA, que junto à Dream Factory e a outros patrocinadores menores, somaram um valor de investimento total de 20 (vinte) milhões de reais (http://www.valor.com.br/brasil/2545146/carnaval-gera-us-850-milhoes-para-o-rio-de-janeiro).
Não foram encontrados dados suficientes que permitissem descriminar os valores lucrados por essas empresas durante o evento. Segundo a Agência Brasil de comunicação em nota publicada no dia 18 de fevereiro de 2013:

“O carnaval de rua da capital fluminense movimentou este ano mais de 5,3 milhões de foliões, de acordo com balanço divulgado hoje (18) pela prefeitura carioca. O resultado significou um aumento de 0,19% em relação à festa do ano passado. Do dia 19 de janeiro até o dia 20 de fevereiro, 1, 212 milhão de visitantes estiveram na cidade, gerando uma renda de cerca de R$ 848 milhões” (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-02-18/numero-de-folioes-aumentou-no-carnaval-de-rua-do-rio-este-ano).

Esse montante de números e valores exige empresas de alto poder de ação e influencia no setor publico. A frente da empresa Dream Factory, encontra-se Roberta Medina (Presidente da Empresa) filha do influente publicitário Roberto Medina. Com dez anos no mercado de mega eventos a empresa já organizou o Rock in Rio em suas versões no Rio de Janeiro, Portugal e Espanha; Maratona da Caixa Econômica - Rio de Janeiro, produção da árvore da Lagoa Rodrigo de Freitas na zona sul carioca; está a cargo da jornada da juventude cristã que ocorrera no rio de Janeiro, dentre outras realizações. Dado relevante dessa parceria publica privado estabelecido entre a empresa Dream Factory e o partido político PMDB-RJ verifica-se na constatação de que a empresa aumentou vertiginosamente sua atuação no espaço publico carioca a partir do primeiro mandato de Eduardo Paes à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro em 2009.    

Em matéria publicada na pagina oficial do vereador Eliomar Coelho do partido político PSOL-RJ, lese:

“O mandato Eliomar Coelho descobriu que a empresa (Dream Factory) doou R$ 347 mil à campanha de Eduardo Paes nas eleições do ano passado. Eliomar pedirá, ao Tribunal de Contas do Município, uma inspeção extraordinária nos contratos firmados pela prefeitura para a realização da festa momesca na cidade” (http://www.eliomar.com.br/por-que-a-ambev/).  
           
Encontra-se publicado no blog do ex-prefeito Antony Garotinho:

“Dream Factory ganha tudo sem licitação. É a decoração de carnaval, a produção dos blocos, agora Jornada Mundial da Juventude, uma atrás da outra. E não custa lembrar que corre na Justiça a Ação Popular contra Cabral por ter dado à Dream Factory R$ 5,8 milhões, em 2010, a pretexto de patrocinar, pasmem, o Rock in Rio que foi realizado em Lisboa, Portugal. A ação pede que Cabral devolva aos cofres públicos essa fortuna” (http://www.blogdogarotinho.com.br/lartigo.aspx?id=9985). 

Espacialização e território empresarial do fenômeno urbano

O projeto para o carnaval de 2013 denominou-se - Carnaval do Rio: cada vez melhor. A organização administrou os 492 blocos de rua cadastrados na Riotur que desfilaram por sete regiões da cidade, a saber: 148 (zona sul); 47 (Barra); 37 (Zona Oeste); 25 (Ilha do Governador); 87 (Centro da Cidade); 91 (Zona Norte) e 57 (Grande Tijuca), durante os dias de dezenove de janeiro à vinte de fevereiro - dias do calendário oficial do carnaval de rua. A infraestrutura contou com a organização de transito nas ruas da cidade com controladores de trafego (1.200 diárias no total), 16.200 diárias de banheiros químicos espalhados por diversos pontos, cuidados médicos com 80 diárias de UTI móvel, produção e publicação com diferentes formatos, alem do cadastro dos vendedores ambulantes.
Verifica-se um aumento vertiginoso não apenas no numero de blocos e foliões, mas sim no controle desses blocos de parte da empresa organizadora do evento. Em entrevista à Revista Época Negócios, Duda Magalhães – diretor geral da empresa Dream Factory, aclara:
em 2011, a empresa organizou 170 dos 460 eventos registrados pela prefeitura. Com o aumento de participantes nos blocos menores, no ano passado, esse número pulou para 350, de 476 registrados. De acordo com a Riotur, 583 blocos já estão registrados para 2013, um aumento de 22,48%” (http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2012/11/carnaval-de-rua-do-rio-cresce-e-tem-nova-cota-de-patrocinio-de-r-3-mi.html).
Essa informação é corroborada ao verificar que o numero de quinhentos e oitenta três blocos de rua registrados na Riotur, um total de quatrocentos e noventa e dois blocos foram cadastrados na empresa organizadora – somando 85% do total de blocos supervisionados diretamente pela Dream Factory.

A outra cara do carnaval de rua
Esse cadastro não atende apenas aos que se destinam a desfilar, brincar e pular o carnaval de rua. Abarca em igual instancia aqueles que pretendem trabalhar durante a realização do evento. Conforme esquema montado em conjunto à prefeitura, os vendedores ambulantes são devidamente cadastrados e, apenas trabalham no evento, os indivíduos com a credencial oficial da empresa Dream Factory. Esse procedimento ocorre na vila olímpica no bairro da Saúde e, conforme diversas reportagens divulgadas durante o período do carnaval 2013 ocorreram atos de insatisfação de parte dos trabalhadores ambulantes em face da organização do credenciamento. Segundo depoimentos houve negligencia no tratamento do pessoal que aguardava na fila do credenciamento:
“O ambulante Darci Ramos Neto, que vende diariamente refrigerantes, disse que ficou um dia e meio na fila e não conseguiu a credencial. “Já perdi dinheiro por causa da fila”. Muita gente atrás de mim conseguiu a licença, e eu não. Vi os próprios seguranças vendendo a senha por R$ 30 e duas caixas de isopor do kit por R$ 150” (http://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/01/24/prefeitura-nao-libera-novas-licencas-para-ambulantes-no-carnaval/).
Essa situação se agravou e repercutiu em forma de manifestação realizada pelos ambulantes a sede da prefeitura na cidade nova.
“Terminou sem acordo a reunião entre o secretário de turismo e presidente da Riotur, Antônio Pedro, e representantes dos candidatos a ambulantes no Carnaval 2013. A Prefeitura não liberou novas licenças, como reivindicavam as centenas de pessoas que fizeram uma manifestação nesta quinta-feira na Cidade Nova” (http://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/01/24/prefeitura-nao-libera-novas-licencas-para-ambulantes-no-carnaval).  

Território Empresarial
            A empresa de bebidas AMBEV patrocinadora oficial e interveniente do contrato de realização do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro possui exclusividade de venda de seus produtos nos blocos cadastrados pela empresa Dream Factory. Assim sendo a empresa controla 85% do mercado, representado pelos foliões-consumidores. Esse fato cria aos participantes do evento a imposição de consumo de uma determinada marca de bebidas.
Os recortes de reportagens abaixo citados, demonstram de forma clara a forte disputa existente entre as empresas.
           
Conforme Alex Costa, secretário de ordem publica do Rio:

“Quem ganhou a exclusividade é a Ambev, então as mercadorias de outras cervejarias que veicularem propagandas sem autorização da prefeitura terão o material retirado, confiscado, e as empresas serão multadas — disse Costa. Segundo ele, a multa pela ação de marketing indevida ainda não foi definida” (http://oglobo.globo.com/blocos-de-carnaval/ambev-prefeitura-acusam-devassa-itaipava-de-marketing-oportunista-7563406). 

Para um executivo do setor, entrevistado pelo Jornal O Globo:

“Apesar da Riotur afirmar que vender outras marcas não é proibido, desde que a venda não seja acompanhada de um marketing agressivo, o fato é que conseguir cadastrar ambulantes para vender sua marca nos blocos não é facilitada pela prefeitura”.(http://oglobo.globo.com/blocos-de-carnaval/ambev-prefeitura-acusam-devassa-itaipava-de-marketing-oportunista-7563406)
A matéria conclui:

“Nos últimos anos, o carnaval de rua do Rio virou um negócio tão ou mais importante do que os desfiles do Sambódromo, tanto que a prefeitura pensa em ampliar as cotas de patrocínio da festa. Segundo reportagem na revista “Época Negócios”, a Dream Factory, empresa contratada para organizar o carnaval de rua, está conversando com uma terceira empresa, além de Itaú e Ambev, para vender nova cota, de R$ 3 milhões” (http://oglobo.globo.com/blocos-de-carnaval/ambev-prefeitura-acusam-devassa-itaipava-de-marketing-oportunista-7563406).

Conclusão
Frente ao panorama apresentado
 no ressurgir e revalorização do carnaval de rua na sociedade carioca a partir de sua espontaneidade social ou do impulso determinado pela lógica empresarial fortemente vinculada aos incentivos do marketing. Sob essa nova lógica as ligas dos blocos de rua se vem submetidas a negociar e se adequar as normativas estabelecidas e direcionadas pela lógica empresarial.
Verifica-se a partir dos dados apresentados e da lógica empresarial que direciona os sujeitos tomadores de decisão, o potencial de controle e ação das iniciativas da parceria publico privado estabelecido entre a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, através de seu prefeito Eduardo Paes – PMDB e a empresa Dream Factory, sob direção de Roberta Medina membro de influente família da sociedade carioca.   

sábado, 30 de março de 2013

O Progresso



Acorda junto com as galinhas, vai para o trabalho sem café da manhã e não dá um beijinho na mulher porque não tem.

Dá tchau para a mãe do portão e sai correndo com o jornal debaixo do braço.

Toma remédio tarja preta para stress, e não voltou ao médico desde o dia que passou mal de pressão alta e os papéis dos exames que o doutor pediu, devem estar em algum lixão da cidade, no Gramacho não porque acabou.

Não almoça e fica no trabalho terminando de resolver o que ficou da semana passada, que estava desde a semana retrasada, do mês anterior.

Não sabe o que é folga. Não usa os eletrônicos que comprou porque não tem tempo.

A sua listinha de desejos de compras, já está toda riscada, já deu ok, já comprou tudo que queria.

Então, trabalha para pagar as poucas contas que restam e pra comprar mais coisa que não usa.

Ele não viaja desde 1900 e lá vai bolinha.

Talvez ele trabalhe em nome do progresso.

Nunca mais teve tempo de se questionar sobre o que é progresso.

Nunca mais teve tempo pra nada.

Em nome do progresso, amém.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Tropeço


Depois de casos de amor criados e mal sucedidos na realidade, na adolescência, o contrato vitalício de solteirice estava assinado. Aos dezenove anos,  precocemente, ela tinha a certeza absoluta de que queria dividir a vida entre trabalho, família e amigos. Afinal, até a professora de antropologia tinha dito que na raça humana não havia monogamia, a certeza tinha até base científica. Príncipe encantado só se fosse o dos filmes ou os da utopia, tão perfeitos ali. Os gatos tinham que ser em rodízio, fortuidade, um charme e um bom perfume eram as únicas exigências.
Ela estava convencida de que a solidão era a melhor companhia, mas não a solidão no sentido triste, ruim. Solidão que na verdade, chamava de liberdade.
Tudo perfeito, muito bem resolvida, inabalável.
Aí vem a vida, e diz: SÓ QUE NÃO.
Uma sexta-feira chuvosa, na semana que precedia a sua saída da vida "teen". Havia passado o dia na função burocrática para trabalhar em uns dos lugares que sempre sonhou.

A chuva passou, e sempre elas, as amigas convenceram. Iam para o bloco, e depois para o samba.
Chegando lá, só faltava a pena para ser programa de índio oficial, e a dor no estômago que sentia ainda do único copo de vodka que tinha bebido no réveillon, seis dias antes, sussurrava.
Mas já estavam lá, e faziam a única coisa que tinha pra fazer, rir.
Riram bastante, e em algum momento, definido sabe-se lá por quem ou pelo que, a menina virou para ficar de frente para as meninas, provavelmente para falar ou encenar qualquer besteira. Virou e em um milésimo de segundo o viu, e pensou "Nossssssssa, que lindo" com o "sss" assim mesmo.
Viu, e quando viu, ele estava vendo também. Ele estava com duas cervejas na mão.
Tudo muito rápido, porque no frame seguinte, olhou para as meninas e por ele estar passando, não pôde dividir o que a retina tinha capturado. Passava devagar, como quem não tinha pressa de chegar onde estava indo.

Continuou falando ou encenando qualquer besteira, depois voltou para onde estava.  E acredite, ele estava na frente delas.
Não conseguiu racionar para pensar a quantos metros exatamente. A timidez não deixou encará-lo, mas seu reflexo dizia, "é ele".

Enquanto elas riam do que diziam, ele foi percebido por todas. O assunto então virou o cara da tatuagem no antebraço que estava coberto pela camisa, que só dava pra ler "Am". O que estava depois, a camisa tampava e a  imaginação feminina arriscava: "Amélia, Amanda, Amor".
Ele olhava para o grupo. Ninguém sabia pra quem.
A pretensão dela jamais seria suficiente para pensar ou dizer que era para a sua pessoa.
A sinceridade das meninas sim: uma disse que era pra ela, outra disse ser pra outra, e foi assim que psicologicamente (porque fisicamente não havia a menor explicitação do que se passava na cabeça dela) tirou o cavalinho da chuva.
Mas aí veio uma das meninas que estava longe e disse: "EU JÁ VI, É UMA GRAÇA, E ESTÁ OLHANDO PRA VOCÊ".
Empurrou o cavalinho na chuva sem guarda chuva, mas de cabeça baixa. Até que outra amiga a mandou retribuir o olhar. E ela, convenientemente, obedeceu.
Olhou, e ele olhava pra ela mesmo. Olhou tanto, que quando piscou estava do seu lado, e dizia: "Oi, tudo bem?". E ela respondeu sorrindo como sempre, apresentando todas as meninas, mais por vergonha do que por educação, confessou mais tarde.
O irmão foi chamá-las para ir ao sambinha a alguns passos dali. Depois de uma apresentação corrida, e meia dúzia de palavras trocadas, se despediram e ela pensou que nunca mais iria ver aqueles olhos de novo, e jamais descobrir o que havia escrito na continuação de "Am" debaixo daquela camisa.
Foram andando, e pararam em um lugar qualquer. Havia se enganado, lá estava ele. Viu-o, sorrindo e depois de um tempo, ele foi ao seu encontro.
Conversaram, conversaram, sentaram numa pedra.
De tempo em tempo, o rosto dele que estava bem em frente ao seu, chegava perto, racionalmente parecendo ser pra ouvir melhor o que estava dizendo, mas fisicamente, e psicologicamente dizia: vou te beijar.
Ela sentia um calafrio naquela parte do corpo em cima da barriga e embaixo do peito, que talvez seu irmão enfermeiro saiba dizer, ela se soubesse o nome próprio naquele momento, já era muito.

Uma hora, ele finalmente a beijou. 
Todos pra lapa, e ele junto, com a mão na dela.
O "Am" da tatuagem, era de "América Latina". Ele era viajante.
Ele era um mapa de histórias que ela queria descobrir.
Pegou seu telefone antes de beijá-la, ainda lá na pedra, aparentemente, mais por educação do que pra contatos futuros.
Despediram-se, e ela de novo, teve a certeza: ele não vai ligar.
Só que estava enganada, pra variar. A teoria não era inabalável. Ele mandou mensagem, e depois ligou, e ela também.
Já se ligam há 365 dias e mais alguns pingados.

Desde aquele dia, não se desgrudaram, e por mais difícil que seja dividir a vida com alguém, é assim que ela quer que continue sendo.

O amor nunca foi a prioridade dela, e que por muitos momentos da sua vida curta, teve certeza, que entre homem e mulher, ele não existia.
 Dividir a vida é um exercício, é uma luta diária.

E quem foi que disse que a vida era fácil?!

Quanto ao amor, confessa, ainda não está completamente convencida...
Mas se ele não existir, estão inventando um só pra passar o resto dos dias juntos.
Inventando um amor só pra dizer todos os dias (tirando os da TPM): AMO VOCÊ.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Namorar é como ter um rádio e ouvir só uma estação.
Por mais que você adore, ame a programação da sua estação, vez ou outra não vai gostar, detestar ou odiar uma música.





Há quem troque de estação ou até quem desligue o rádio.
Aí é com o ouvinte: se trocar de estação, pode gostar menos ainda da nova programação e se desligar o rádio, fica sem o prazer incomparável da música.


* Essa pessoa que escreveu adora rádio, músicas e a sua estação.