Acorda junto com as galinhas, vai para o trabalho sem café
da manhã e não dá um beijinho na mulher porque não tem.
Dá tchau para a mãe do portão e sai correndo com o jornal
debaixo do braço.
Toma remédio tarja preta para stress, e não voltou ao médico
desde o dia que passou mal de pressão alta e os papéis dos exames que o doutor pediu,
devem estar em algum lixão da cidade, no Gramacho não porque acabou.
Não almoça e fica no trabalho terminando de resolver o que
ficou da semana passada, que estava desde a semana retrasada, do mês anterior.
Não sabe o que é folga. Não usa os eletrônicos que comprou
porque não tem tempo.
A sua listinha de desejos de compras, já está toda riscada,
já deu ok, já comprou tudo que queria.
Então, trabalha para pagar as poucas contas que restam e pra
comprar mais coisa que não usa.
Ele não viaja desde 1900 e lá vai bolinha.
Talvez ele trabalhe em nome do progresso.
Nunca mais teve tempo de se questionar sobre o que é
progresso.
Nunca mais teve tempo pra nada.
Em nome do progresso, amém.
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